Evidências da hipocrisia religiosa em prol da política partidária


Que a igreja está cada vez mais participativa na política brasileira isso não é segredo para ninguém, desde um candidato que se aproveita de sua influência dentro da religião pra ganhar votos até o grupo de políticos já atuante dentro do governo todos já entenderam muito bem que o pessoal de igreja está crescendo absurdamente no país e que ignorá-los é perder uma parcela representativa de apoiadores. Não que a igreja deva se abster de participar da política, afinal de contas, dentro do pluralismo político incluem-se pautas políticas que estão alinhadas às crenças dos religiosos e, como qualquer outra pauta, devem ser defendidas por aqueles que nelas acreditam, entretanto, algumas pessoas utilizam propositalmente textos bíblicos, não mais para seus propósitos originais e úteis para a igreja, mas para induzir comportamentos, formar opiniões e mobilizar pessoas para as mais diversas e, diria, perversas finalidades.

Discursos como ‘Toda autoridade é instituídas por Deus’ encabeçam a lista de argumentos úteis para se justificar a idolatria político-partidária, pois não há mentira em tais afirmativas, entretanto manipulam o seu semelhante por coagi-lo, através do temor ao texto sagrado, a não questionar a autoridade política independente se ela age de forma idônea ou não – isso é um precedente para a corrupção continuar a acontecer; é como se fizéssemos vista grossa para o que está diante de nós. Não cabe aqui, é claro, generalizar, pois um bom governo traz benefício para a nação e se, no contexto religioso, a oração muito pode em seus efeitos, por que não apoiarmos nossos governantes para que procedam da melhor maneira possível? Todavia, sejamos prudentes, há muita verdade na fama que a política brasileira carrega.

Dando continuidade ao raciocínio acima, alega-se incorrer em rebeldia se opor a alguém que foi colocado em tal posição por Deus e que religioso desejará ir contra Deus? Entretanto, compreendamos que o bom e o mau governo são igualmente instituídos por Deus e, sim, cada um prestará contas diante do Senhor, a bíblia afirma que o rei Nabucodonossor, sendo mau, foi posto na posição de rei por Deus, mas para trazer castigo a uma nação que era desobediente. Utiliza-se o nome de Deus em vão para atrair o público devoto, é uma forma de estreitar relacionamento – até mesmo candidatos que nada simpatizam com religiosidade se arriscam a frequentar igrejas em períodos eleitorais, fiquemos de olho!

Quanto à hipocrisia que mascara a idolatria, ela está em atitudes pontuais como orar e mobilizar oração direcionada a um político específico e não a outro; tentar validar a obediência e o respeito por um politico mandatário quando tal atitude não ocorreu em mandatos passados ou com políticos da oposição; desqualificar um político de que não se tem simpatia ao passo que se demonstra temor por outro como se apenas este fosse instituído por Deus, e não o outro enquanto mandatário de cargo eletivo; utilizar versículos bíblicos para justificar, validar e mobilizar o fiel para votar em candidato específico. A democracia nunca foi sobre fazer a vontade de Deus, mas sim aquilo que o povo gosta e quer, a democracia crucificou Cristo e libertou Barrabás, e em prol de conquistar votos, dentro de um regime democrático, faz-se qualquer negócio, não se engane acerca de discursos religiosos manipuladores.



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