Rótulos políticos e o caos da polarização


Para que servem os rótulos senão para delimitar a nossa ótica? Rótulo é uma forma de padronização e preconceito: um rótulo de produto o padroniza e passa a informação de que todos são exatamente iguais; um rótulo de produto gera preconceito e induz a se tirar conclusões antes mesmo de adquirir tal mercadoria, e quando tratamos do ser humano, a aplicação não é muito diferente.

Rotula-se como de direita, de esquerda ou isentão como formas de se reduzir a complexidade de cada indivíduo a conceitos pré-estabelecidos, além da clara manipulação, afinal, se queremos a depreciação de alguém, basta associá-lo a uma categoria odiosa. O rótulo, na política, funciona quase que como uma batalha entre o bem e o mal onde cada lado acredita ser o bem ao passo que seus opositores representam todo o mal possível existente: a esquerda enxerga e difundo apenas o lado negativo da direita e, concomitantemente, a direita argumenta somente com base no lado podre da esquerda e juntos caem no chamado argumento circular, onde cada filosofia, crença ou ideologia, dentro do seu próprio sistema afirma ser o único detentor da razão – algo muito perigoso quando não buscamos conhecer, com imparcialidade, todas as variáveis.

A polarização é um combustível altamente inflamável, ela não aceita meios termos: ou você é a favor ou você é contra e, acredite, não importa seu posicionamento, pois o que interessa é que se gere atrito, desordem, conflito e destruição. Num cenário de polarização, os rótulos só distanciam ainda mais as pessoas, diz-se: não preciso conhecer tal pessoa porque ela tem posicionamento político X, logo eu já sei quem ela é, e como que manipulados, tiramos conclusões das mais variadas acerca das pessoas sem nem mesmo, de fato, as conhecerem.

Conservador, liberal, progressista, extremista, cada qual com suas razões e seus delírios, o fato é que a política aqui no Brasil se tornou uma política de status e interesses próprios – se o intuito é governar bem e beneficiar toda uma nação, por que se atacam e se destroem, no âmbito pessoal, as diversas ideologias políticas? Onde está o ensino não tendencioso de política no nosso país, onde, em tudo que é informação propagada, é mais importante trazer a pessoa para a minha ideologia política do que propriamente ensiná-la a pensar e tirar suas próprias conclusões? Vivemos dentro de um jogo onde ninguém quer perder, individualmente, e o custo da vitória é a derrota coletiva.


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