Democracia,
do grego, é a junção de duas palavras, a saber, DEMOS (povo) + CRATOS (poder) e
sua tradução é algo entorno de o poder do
povo ou o governo do povo. Quando
falamos de regime de governo democrático, como é o caso do Brasil, nos
referimos a um sistema representativo onde a população tem voz e ação e escolhe,
por meio do voto, quem o representará na elaboração de leis, fiscalização, governo
do país, etc.; no regime democrático o poder emana do povo como citado na
Constituição Federal de 1988 no seu artigo 1º
- Parágrafo Único:
‘Todo o poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.
À primeira vista o exercício da democracia soa como
algo justo: a vontade da maioria prevalecer, mas será que a democracia é a
melhor alternativa para o desenvolvimento de uma nação? A decisão tomada por
Pilatos, segundo a narrativa do evangelista Mateus, ilustra uma decisão em que
o povo exerceu seu poder, mas exerceram um poder pautado em quê: análise
técnica, simpatia, histórico de vida, filosofia, emoção, razão ou nenhuma das
alternativas?
Uma nação que tem o que merece e merece o que tem
Corrupção, economia caminhando a passos lentos,
desigualdade social, educação e saúde precárias, falta de segurança; o Brasil é
um jovem país quanto ao regime democrático e achamos que sabemos muito, que já
vivemos o bastante. Meio século após o reestabelecimento do pluripartidarismo e
da democracia no Brasil ainda vivemos um conflito de interesses políticos. Não
se trata de questionar quem está certo e quem está errado, partindo do
pressuposto de que todas as ideologias visam o progresso e desenvolvimento da
nação, pois cada uma dentro de suas
próprias linhas de raciocínio tem algo a agregar à democracia, todavia o foco
dos debates, e quando tem, há algum tempo deixou de ser o bem comum, mas o mero
inflar do ego, do status e superioridade, do se achar o dono da razão e
humilhar o próximo. Antes de querermos governar o coletivo, deveríamos aprender
a viver nesse coletivo, com seus erros e acertos, suas diferenças e desafios
que surgem a cada dia.
Ruído e comunicação
Na era da informação onde o conhecimento é acessível,
nos esbarramos na cultura atrasada do nosso país: na cultura que prefere Netflix
ao livro porque exige menos esforço para compreender a história; que prefere
Tik Tok a um curso de capacitação. Não que assistir a séries ou ter
entretenimento seja ruim, mas estamos criando uma geração que não sabe pensar,
que não sabe distinguir fake News de fato, que, apesar de decorar todas as
regras da ABNT para a elaboração de um artigo científico, não sabe utilizar as
mesmas metodologias para filtrar e pesquisar conteúdo. Estamos criando uma
geração que tem voz e ação, mas voz e ação para quê? A internet, as redes
sociais, o Youtube, enfim, propaga-se qualquer coisa e engajam-se multidões
para democraticamente sermos os donos da razão.
O poder na mão do povo não implica, necessariamente,
fazer a coisa certa, mas apenas fazer a vontade da maioria. O exercício da
democracia pode ser bom ou ruim a depender da cultura em que está inserido –
pergunta-se: o consumo de drogas pode ser liberado pelo governo? Tanto faz, no
final das contas a maioria vai vencer e que cultura tem formado a opinião dessa
maioria?
A democracia pode ser ruim para uma nação a partir
do momento em que não temos pessoas sérias capazes de dialogar sem manipular,
de sentir a dor e a necessidade do outro, de ensinar e de aprender, de
reconhecer quando se está errado e fazer diferente. A democracia é destrutiva
nas mãos daqueles que compreenderam que sua função é, de forma grosseira, fazer
o que o povo gosta e que é isso que vai garantir voto e eleger representantes
no governo. Num país em que a Constituição Federal não é ensinada nas escolas.
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